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15 maio 2011

A Um Ausente " Carlos Drummond de Andrade"

A um ausente  

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

" Carlos Drummond de Andrade"



Para falar de ti, me recuso a rimar, impossível encontrar rima para descrever quem se esconde das responsabilidades.
A constatação do óbvio é teu semblante, egoísmo, acomodação, falta de amor e ingratidão.
Fuga é tua marca registrada, nunca podes fazer nada, essa desculpa eu escuto a mais de 20 anos e ainda me causa indignação.
Por que tenho que estar responsável por tudo, sempre?
A situação é sempre a mesma, se faz de pobre coitado, que tem a convivência dos filhos privada, que sofre a distância e mais blá...blá...blás...
A distância até pode convencer mas não faz nada para modificar a situação, fica na comodidade da situação, o coitadinho que sofre, o incompreendido, rejeitado e muito mais...
Quero ver ser pai de verdade, dar conselhos, chamar a atenção, lidar com as situações do dia a dia......pois é, são quase oito anos de ausência, foi mais fácil pegar a estrada e se colocar do outro lado do País e de lá ficar resmungando a falta dos filhos e a convivência.
A cada dia que passa, tenho mais dó de ti, por seres o que és e por não tentares te modificar e por isso, resolvi te expor, dizer o quanto és pobre de espirito e o quanto tua arrogância faz com que percas a cada dia mais, o tesouro que ganhastes, teus filhos.
Continues aí, com tua medíocre vida, vazia vida e irresponsável vida...
A cada dia me orgulho mais de lutar sozinha para criar os meus filhos e mostrar para eles o único exemplo que nunca devem seguir... o teu.
E... essa é a tua descrição, vista única e exclusivamente por mim, desculpe a sinceridade mas precisava desabafar, precisava gritar, soltar o que estava trancado em minha garganta. Não me importo com o que vais pensar, és insignificante para mim, és a imagem perfeita do "Pai Ausente".

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